Powered By Blogger

sábado, 6 de novembro de 2010

O ENEM MUDOU MINHA VIDA!!

Em 2005, eu morava na cidade de Laranjal do Jarí, sudeste do Amapá. Estava no 3º ano do Ensino Médio e sem muitas perspectivas de ascensão profissional. Eram poucas as instituições de Ensino Superior na cidade, a maioria privada e não presencial, não era interessante pra mim. A UNIFAP, Universidade Federal do Amapá, tinha um campus em Laranjal, mas o ensino era (e ainda é) modular e havia acabado de fechar turmas, ou seja, eu teria que esperar quatro anos até essas turmas se formarem para eu poder prestar vestibular para o campus da minha cidade.
Eu queria muito mudar para a capital do Estado, Macapá, em busca da realização do sonho de terminar meus estudos, ter uma profissão, um bom emprego pra ajudar minha família, mas eu não tinha condições e esse sonho parecia tão distante.
Mas, voltemos ao ano de 2005. Como eu estava terminando o Ensino Médio, o Enem era obrigatório e gratuito, eu não tinha nada a perder, mas confesso que não me empenhei muito pra ir bem nas provas, mesmo assim eu fui, graças à Deus.
Fiz minha inscrição no ProUni por fazer e continuei levando a minha vida.
Estava passando por um momento muito difícil com a minha família e quando eu menos esperava, já em março de 2006, precisamente no dia 02, recebi uma carta do ProUni me parabenizando e me convocando para fazer minha matrícula na FAMA, Faculdade de Macapá, com bolsa integral para o curso de História. Com um detalhe, o prazo para a minha matricula terminava no dia seguinte.
Não tive muito tempo para pensar e, mesmo sem estrutura alguma, fui para Macapá, deixei minha família, meu namorado, meus amigos, minha vida em Laranjal e agarrei essa oportunidade com unhas e dentes.
No começo foi muito difícil, mas no fim deu tudo certo, com a ajuda da família, dos amigos e até mesmo de desconhecidos eu consegui alcançar uma das minhas principais conquistas.
O Enem e o ProUni mudaram literalmente minha vida. Hoje, aos 22 anos de idade, sou graduada em Licenciatura e Bacharelado em História, especialista em História da Amazônia, servidora publica estadual, já estou colhendo os frutos do que plantei, podendo ajudar a minha família como sempre quis.
Por isso, meus queridos: estudem, empenhem-se e levem à sério essa oportunidade que, com certeza, pode mudar sua vida também

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Gênero e Juventude

Este artigo que agora apresento foi escrito por Ana Carolina Barbosa, em contribuição à camada feminina da União da Juventude Socialista...

Gênero e Juventude
Um Novo Olhar Sobre o Feminismo e a Atuação da UJS


A discussão da frente de gênero na UJS avança e esta realidade produz no cotidiano a necessidade de se entender alguns dos enfrentamentos ideológicos e organizativos que se colocam nesta fase de consolidação de nossa organização.
Entendendo o Feminismo e um Pouco de sua História
Nascido do questionamento e da perspectiva de combater as desigualdades entre homens e mulheres o feminismo tem se pautado essencialmente pela reação à opressão vivida pelas mulheres.
Sua história vem marcada por muita ousadia e pela pluralidade de correntes de pensamento produzindo reflexos em vários campos do desenvolvimento das relações sociais, atingindo desde a elaboração teórica da academia até o cotidiano político prático de sua dinâmica construção enquanto movimento e ainda a interação de seus questionamentos com outros movimentos.
Contabilizam-se vários avanços na luta pela transformação das relações sociais de gênero, o movimento feminista conseguiu ao longo do tempo incorporar sua agenda na pauta política da sociedade atingindo organizações civis, instituições, proposições de políticas públicas e discursos políticos, sem contar o papel que tem cumprido as conferências internacionais para a garantia real dos direitos adquiridos.
“Depois de muitos anos de estudos e lutas das mulheres foi sendo elaborado o conceito de gênero, que é o que busca explicar as relações sociais entre homens e mulheres, o conceito de gênero foi utilizado como categoria de análise primeiramente pela antropologia, que coloca o "ser mulher" ou "ser homem" como uma construção social. a palavra gênero, tirada da gramática, foi utilizada para identificar essa construção, diferenciando-a do sexo biológico .”(Medeiros).
“Este conceito está intimamente ligado ao processo de acumulação de riquezas do capitalismo que precisou garantir que a descendência paterna fosse determinada, para que assim os homens pudessem legar somente aos seus filhos legítimos os bens que acumularam em vida através do excedente de produção. assim com a consolidação da propriedade privada nós temos a primeira divisão sexual do trabalho reservando para as mulheres apenas a esfera doméstica. desde então a história da mulher foi a história da sua opressão. É, portanto com o capitalismo que nascem as condições objetivas para a opressão feminina.” (Barbosa)
Há, portanto, uma generalizada assimilação do conceito e da compreensão de gênero embora isso não signifique, ao longo da trajetória da luta e com a materialização de algumas conquistas a superação da desigualdade.
A história de luta das mulheres por seus direitos, pelo reconhecimento de sua condição humana desnuda a raiz da opressão empreendida pelo sistema capitalista em sua afirmação sendo, aqui no Brasil, tão longa quanto a história deste país, embora ela não seja contada senão pelos esforços das próprias mulheres e alguns homens em visibilizá-la. Assim como o racismo, conseqüência do colonialismo, excluiu os povos de origem africana e promoveu o genocídio dos povos indígenas na formação do povo brasileiro, o sexismo eliminou quase todos os registros de resistência e luta da parcela feminina de nosso povo.
Entretanto, embora geralmente não conste dos manuais, as mulheres protagonizaram importantes mudanças em nosso país durante o século xx que aram de forma significativa o desempenho sócio econômico do país
A ocultação da mulher da cena histórica e suas decisivas contribuições para o progresso da humanidade são um dos instrumentos de materialização da opressão, que se encontra intimamente relacionada com determinadas fases do desenvolvimento da sociedade caracterizadas por seu modo de produção e reprodução da realidade.
Assim em todos estes de existência o movimento feminista ou variados contextos provocando profundas mudanças no ambiente doméstico e nos espaços públicos indicando que em casa, no mercado de trabalho e na política as mulheres brasileiras já não são mais as mesmas, estão em luta permanente para mudar seu país e construir um mundo fraterno, sem desigualdades, com justiça social e livre de toda opressão.
No decorrer de sua história o movimento tem ressaltado a compreensão de que a construção do ser mulher, inclusive na luta feminista, não é homogênea há especificidades a serem compreendidas implicando tanto para dentro de sua construção como para fora relações de poder, tensões e conflitos.
É do entendimento das especificidades que começa (de certa forma) a ganhar cada vez mais visibilidade e espaço a questão da juventude entendida como transversal.por outro lado no movimento de juventude cresce também a assimilação do conceito de gênero e suas implicações tanto teóricas como praticas ensejando vários questionamentos, sobretudo em relação á atuação juvenil no movimento feminista.
A Polêmica Interação do Feminismo com o Marxismo
“Marxismo e feminismo não são antagônios como buscaram ecoar pelos cantos e pelos movimentos. há que se resgatar a importância do marxismo para a reflexão teórica da importância de se romper as amarras das mulheres para a sua verdadeira emancipação. a grande contribuição do marxismo para a luta feminista e a emancipação das mulheres é a desnaturalização da opressão de gênero, da subnidade das mulheres nas relações de gênero”. Kátia Souto
Apesar do tom contestador da opressão de gênero presente no movimento feminista, podemos dizer que este não teve desde o seu inicio uma vocação revolucionária e que sua relação com a teoria revolucionária, o marxismo, nunca foi tranqüila.
Já dizia Loreta Valadares que apesar de todos méritos de sua luta o movimento feminista sempre careceu de um projeto emancipatório que permitisse puxar o fio da radicalidade do emaranhado de teias ideológicas que o tecem, “ radicalidade que é engendrada na essência mesma da opressão da mulher na sociedade ”.(valadares).
Na convivência das opiniões no movimento feminista o marxismo sempre se posicionou como o outro, do lado oposto, sobre o qual sempre se tem uma crítica (varias vezes infundada) a fazer e uma insuficiência de análise a apontar, sobretudo o que se convencionou taxar de “reducionismo econômico”, que pretensamente negaria a opressão de gênero por considera-la mero aspecto da opressão de classe.
Do ponto de vista teórico é bastante difícil negar que a raiz da opressão feminina desenvolve-se entrelaçada à á opressão de classes, este é em si o centro da questão que acaba por desvendar o caráter da opressão feminina bem como sua posição de subnidade ao longo da história.
O materialismo histórico, fundamentado enquanto teoria do desenvolvimento social, tendo como fundadores Marx e Engels, atribui “o mesmo peso teórico ao conceito de classe a ao conceito de exploração do sexo feminino pelo masculino ” (Rangel e Sorrentino). Desta forma apontam a raiz da condição subna da mulher.
Engels, em 1884, em sua obra a origem da família e da propriedade, cita da obra a ideologia alemã (escrita em 1846 por Marx) a idéia segundo a qual “a primeira divisão do trabalho é a que se faz entre o homem e a mulher para a procriação dos filhos” e diz : “hoje posso acrescentar: o primeiro antagonismo de classes que apareceu na história coincide com o antagonismo entre o homem e a mulher na monogamia: e a primeira opressão de classes com a do sexo feminino pelo masculino”(1973:168)
Assim podemos afirmar a coincidência histórica presente no desenvolver das duas opressões.
Por mais que os estudos de Marx e Engels tenham como objeto principal de análise o universo das relações de produção existentes no mundo do trabalho, ambos produziram importante referencial teórico mesmo não tendo produzido uma conceituação que possibilitasse um análise mais aprofundada do papel da mulher na sociedade e na história.
Mesmo havendo um grande volume de críticas ao marxismo na produção teórica e no dia a dia do movimento feminista, é inegável a sua contribuição para a formulação e aperfeiçoamento da teoria feminista, principalmente após a adoção do conceito de gênero como ferramenta de análise social que explicita o caráter relacional da opressão no desenvolvimento da sociedade.
É da compreensão marxista, que se extrai possíveis soluções para os entraves movimentistas que muitas vezes limitam e reduzem as conquistas feministas ao patamar da igualdade formal, indicando que maior conseqüência para a luta, somente se dá com a incansável labuta por uma nova sociedade, que promova a superação estrutural e cultural da opressão.
O Feminismo Emancipacionista
No Brasil, diante da necessidade de se posicionar a concepção marxista no enfrentamento das diversas posições existentes no movimento feminista, surge a corrente emancipacionista ou feminismo emancipacionista, opondo-se ao viés sexista de entendimento da discussão de gênero.
O feminismo emancipacionista tem o entendimento de que, na pratica política e teórica do movimento, se faz necessário combater o feminismo reformista burguês buscando avançar as formulações marxistas sobre a questão de gênero.
Teoricamente parte da compreensão de que a divisão sexual do trabalho entrelaça –se à divisão social do trabalho, por este pressuposto, mulheres e homens participam de modo desigual da produção. entende-se que no desenrolar da história a opressão de gênero liga-se à opressão de classes.
Para acorrente emancipacionista, o conceito se constrói historicamente considerando os valores culturais atribuídos às diferenças de sexo, é por este caminho que irão se desenvolver valores e práticas sistemáticas que diferenciam o feminino do masculino.
Este sistema que se forma do surgimento entrelaçado das duas opressões, é que influencia diretamente nas relações desiguais de gênero, que por possuírem esta característica se dão nas diferenciadas camadas sociais fundadas na opressão de classe.
Por este raciocínio a teoria emancipacionista entende que a opressão de genro possui bases culturais e se constrói culturalmente o que possibilita uma aparente independência conceitual uma vez que esta interage com as demais opressões, sobretudo com a de classe.
Desta forma, lutar contra a opressão de gênero significa lutar contra toda forma de opressão, buscando atribuir à luta de gênero um significado radical que busque “ romper tanto o elo estrutural levando-a para a luta da emancipação social, como o elo cultural, percorrendo caminhos próprios nas diversas esferas da sociedade” (valadares) reafirmando que a o socialismo, apesar da derrota de algumas experiências, “ é o único projeto capaz de atribuir passagem a um processo que vise o fim das discriminações de gênero ”. (valadares).
A Presença das Jovens no Movimento Feminista
Podemos afirmar que é recente a participação juvenil no movimento feminista. No decorrer da sua história tem sido pouco vizibilizada. Um dos fatores que geram tal situação é a também recente adoção do conceito de juventude enquanto categoria de análise.
O relativo crescimento da participação das jovens no movimento feminista, sobretudo a partir da década de noventa do século xx, bem como a abordagem das questões relativas à juventude, se dão em um contexto em que a metade dos 6,3 bilhões de habitantes do mundo tem menos de 25 anos, e destes mais de 1 bilhão se incluem na faixa etária dos 10 a 19 anos. mais de 85% dos/as jovens do mundo estão vivendo em países em desenvolvimento e na América latina, o Brasil é sozinho, responsável por 50% da população dos/as adolescentes e jovens.
Percebe-se diante das especificidades das situações e relações sociais enfrentadas pelas jovens mulheres, como a questão do trabalho e o desemprego, o exercício autônomo da sexualidade, a limitação de aperfeiçoamento da qualificação profissional imposta pela maternidade, a redução cada vez maior da faixa etária nos índices de gravidez e mortes por aborto mal sucedido, produz socialmente uma situação de maior vulnerabilidade das jovens.
Assim verifica-se maior presença das jovens no movimento feminista, o que tem ocasionado tenções que se estruturam no que se convencionou chamar de “conflito geracional”que internamente acabou por ocasionar o aparecimento (ou adoção)da formulação de transversalidade, ou seja o tratamento das questões relativas á jovens feministas deve permear todas as discussões, temas e ações do movimento gerando a incorporação de uma agenda própria juvenil.
Socialmente temos que são atribuídos valores de poder às idades, estes atributos de maior idade funcionam como código geral de poder, que faz com que se diferenciem e muito os conceitos e códigos sociais com os quais se relacionam uma mulher de 18 e uma de 50 anos.
A este código geral de poder acrescenta –se o peso dos valores patriarcais que fazem com que a inclusão social em suas variadas dimensões se dê (ou seja percebida) somente por um padrão adulto e masculino, portanto se o ser humano é jovem e mulher, está excluído do código de poder.
Esta tensão presente nas relações sociais de gênero estabelecidas pela juventude busca ganhar espaço no movimento feminista.em contrapartida, tomando como referencia o movimento de juventude, a questão de gênero precisa ganhar mais espaço em seu cotidiano e pauta política, pois é necessária a leitura que o sistema capitalista possui também essa característica de estabelecimento de códigos de poder, esta compreensão pode fazer o movimento de juventude compreender melhor os entraves da participação feminina.
Como se Deu e se Dá esse Debate na UJS
Durante boa parte de sua história a UJS tem debatido a temática de gênero. No entanto apesar dos significativos passos dados pelo trabalho da frente de gênero ainda há muito a ser construído.
Entre nós a discussão de gênero é parte da tentativa de se compreender a condição juvenil de ser (ou se tornar) mulher e homem, entendendo o processo de exploração capitalista que permeia as relações sociais de gênero e procurando reforçar o caráter emancipacionista da luta socialista pelo fim da opressão da mulher.
A UJS precisa consolidar a assimilação da história de contribuição política do movimento feminista e sua evolução, combatendo a idéia de que o motor deste é a luta de mulheres contra homens, uma concepção ainda presente em discursos e brincadeirinhas de nosso cotidiano.
A formulação teórica e a prática política de gênero incorpora algumas diretrizes. A primeira delas diz respeito á necessidade de aprofundar a relação da UJS, que organiza tantas jovens numa perspectiva de construção do socialismo, com o movimento feminista, sobretudo com a vertente do feminismo emancipacionista, construindo em bases cada vez mais sólidas nossa relação com a união brasileira de mulheres (UBM), fortalecendo a atuação do coletivo de jovens feministas socialistas Loreta Valadares.
A segunda diretriz relaciona-se com o cuidado a participação política das jovens socialistas, com a preocupação da repetição dos códigos de poder do patriarcado que entre nós materializa-se nos estilos machistas de lidar cotidianamente com a nossa política, e atinge a militância, desde os níveis nacional, estaduais e municipais de direção até os núcleos e atividades da UJS.
Existe muita diferença entre ser uma ou um dirigente da UJS; as condições de exercício da tarefa de direção assumem proporções radicalmente opostas sob o ponto de vista do respeito se o dirigente é homem ou mulher. E aqui precisamos reconhecer que a opressão deixa de ser subliminar.
Persiste a necessidade de cultivar entre nós um ambiente de respeito à condição feminina e também à orientação sexual de cada militante, mudando a forma de tratamento tendo em vista o substrato científico oferecido pelo conceito de gênero, buscando despir o nosso cotidiano de luta política dos preconceitos afirmados culturalmente pelo sistema capitalista. Não elaborar nesse sentido é desconhecer o direito à orientação sexual e exercício autônomo da sexualidade como parte da construção da identidade juvenil.
Ainda não conseguimos superar os entraves de compreensão no sentido de defender a bandeira libertária da causa GLBT, reconhecendo a sua importância para a emancipação da humanidade, ter visual em eventos como a parada gay e ter propostas para organizar os jovens e as jovens no sentido de entender a dimensão teórica e política desta luta humanista. Neste sentido ainda temos muito chão a percorrer.
Uma quarta diretriz seria o aprofundamento do conhecimento de nossos quadros sobre a teoria emancipacionista. O patamar de relativo avanço do debate de gênero na UJS aponta a necessidade de bandeiras e proposições concretas para o conjunto da luta socialista no movimento juvenil.
A compreensão processual do desenvolvimento desta discussão entre nós indica que é urgente inaugurar uma prática político- organizativa que possibilite aos nossos militantes, homens e mulheres, compreender que a luta pela superação da opressão de gênero é transversal e portanto deve perpassar todas as frentes de atuação da UJS, todos os níveis de direção e todos os nosso núcleos, tornando –se instrumento concreto da luta pelo socialismo.
Bibliografia
Araújo, Clara. o Poder Político e as novas estratégias feministas, IN Presença de Mulher, nº41 Anita Garibaldi, SP, 2002.
Barbosa, Ana Carolina, Continuar a Conversa de Gênero e olhar para frente – intervenção especial ao 12º congresso da UJS In: www.ujs.org.br
Engels, Friedrich, el origem de la família, la propriedad privada y la sociedad, Editorial Cartago, buenos aires, 1973.
Medeiros, Glauce, gênero, que história É essa? in: www.ujs.org.br
Moraes, Jô, A luta pela emancipação da mulher, in a política revolucionária do PC do B, Anita Garibaldi, sp, 1989.
Rangel, Olivia e Sorrentino Sara, gênero: conceito histórico, in princípios, nº 33 Anita Garibaldi, SP,1994.
Valadares, Loreta, gênero e emancipacionismo, in presença da mulher, nº 34, Anita Garibaldi, SP, 1999.
Valadares, Loreta, a Visibilidade do invisível, in presença da mulher, nº 31, Anita Garibaldi, SP, 1998.

domingo, 1 de agosto de 2010

O papel das mulheres através dos tempos

Vivendo e fazendo História através dos tempos!! Este artigo foi escrito por Regina Abrahão, da Central Unica dos Trabalhadores, e traduz, em síntese, as funções sociais que as mulheres exerceram em determinados momentos históricos. Sua leitura nos leva à compreensão do papel feminino e, principalmente, da luta feminina atualmente.

Boa Leitura!


O papel das mulheres através dos tempos
08/01/2009

Regina Abrahão

Dois sexos, independente da orientação sexual que possuam, é a regra básica de quase todos os seres vivos existentes na natureza. Tirando algumas espécies como bactérias, fungos, etc., para a reprodução ocorrer é necessário que haja um ser masculino e outro feminino. As diferenças morfológicas e as relações entre os dois sexos, entretanto, variam a cada espécie, mas não apresentam diferenças entre casais da mesma espécie. A relação entre casais animais são sempre iguais, independente da cor, da raça ou do continente destes.

Entre os seres humanos, porém, a maneira como o casal se relaciona varia de acordo com a época, o local, a religiosidade, a cultura e outros inúmeros fatores. Podendo, inclusive, o casal ser formado por dois seres do mesmo sexo, já que, entre humanos, a procriação não é o eixo central das relações. Portanto sexo como definição biológica e gênero como definição cultural.

Mas o que diferencia homens e animais?

Para o marxismo, é a capacidade que o homem tem de transformar a natureza. A filósofa Madalena Guasco tem uma belíssima tradução desta sentença: "Imaginem uma cena pré-histórica," diz ela. "Um grupo de hominídeos, sendo perseguidos por um animal feroz. Nisso, um deles encontra caído no chão um grande galho de árvore. Ele pega este galho, e com ele, ameaça o animal, que foge. Neste momento, o hominídeo criou sua primeira ferramenta. O galho deixa de ser galho, e torna-se o pau de matar bicho."

Da transformação da madeira em apetrecho à agricultura, passando pela descoberta da produção do fogo, muito tempo se passou. O que sabemos destes homens primitivos? Muito pouco. E grande parte de nosso conhecimento foi obtido misturando-se a pesquisa histórica, arqueológica e a observação antropológica, em tribos ou povos em estágios de evolução semelhantes. E como eram as relações familiares entre estes nossos antepassados?

Presume-se que nestas sociedades primitivas, a capacidade gestacional conferia às mulheres a condição de seres superiores, uma vez que o ato sexual não era identificado como fator responsável pela reprodução. Estas primeiras sociedades foram chamadas de matrilineares: A descendência era definida em função da origem materna, e, o cuidado com as crianças era responsabilidade do coletivo. As tarefas eram divididas de acordo com a força física.

Quando o ser humano deixa de ser um coletor (que pega da natureza o que precisa), descobre a agricultura e começa a domesticar animais, as relações familiares e sociais também mudam. Com a plantação, surgem as primeiras cercas, delimitando a propriedade. Neste período o homem já entendia que a geração de novos seres dependia não só da mulher, mas do casal. E ao acumular terra e animais, preocupou-se em transmitir sua herança a quem possuísse laços consangüíneos, ou seja, seus filhos. Daí a monogamia.

No Egito antigo a família tinha organização patriarcal, com participação de mulheres na religião e política, dependendo de sua classe social. Durante a história deste povo, homens e mulheres governaram, e havia divindades de ambos os sexos com os mesmos poderes e qualidades.

Já na Grécia, conhecida como a origem da democracia as mulheres não possuíam direito à cidadania. Ficava ao seu cargo a manutenção do lar, o cuidado com os filhos e com os não produtivos (velhos, enfermos, incapacitados). A elas era reservada uma peça da casa chamada gineceu, onde habitavam mulheres, crianças e criados, sendo vetado seu trânsito nas outras dependências, exceto para manutenção e organização. Meninos eram separados das mulheres a partir da idade de treinamento militar, aos sete anos (Esparta), ou adolescência (outras cidades-estado gregas). Também o acesso a atividades como filosofia, política e artes eram proibidas às mulheres.

No Império romano A instituição do paterfamilias garantia ao homem poder absoluto sobre as mulheres, filhos e escravos, inclusive de vida e morte. Política, artes, participação na vida pública eram proibidas para mulheres, que também não tinham direito à propriedade.

Durante a idade média as mulheres possuíam direito à propriedade, podiam assumir a chefia de família em caso de viuvez. Em 1404 a escritora francesa Cristine de Pizan (1364/1430) lança o livro "A Cidade das Mulheres", onde defende uma educação igual para ambos os sexos. Cristine é considerada uma das primeiras feministas, por sua defesa da igualdade entre homens e mulheres. Há registros de mulheres Durante o primeiro milênio a convivência várias culturas permitiu que as mulheres tivessem acesso a vários ofícios e gozassem de relativa liberdade. O fortalecimento da doutrina católica, porém, com regras de conduta inflexíveis, constrói o paralelo entre a mulher, o pecado original, e o exercício da sexualidade como fonte do pecado. O envio de muitos homens para as cruzadas fez com que as mulheres passassem a gerenciar as comunidades, exercendo todo tipo de tarefas necessárias á manutenção das condições de vida.

A formação dos primeiros estados nacionais, marcados pelo mercantilismo, a volta dos homens, e a necessidade destes retomarem seus postos de trabalho e ofício, mais a moralidade religiosa, a retomada do Direito Romano (em substituição do Direito Germânico) marcam o recrudescimento da opressão da mulher na sociedade ocidental e o início da caça às bruxas. O acesso a universidade é vetado, as mulheres perdem grande parte dos direitos civis, como propriedade e herança. O universo profissional é restrito às profissões que reproduzem o caráter de cuidadora: professora, enfermeira, ou de serviços relativos à alimentação, limpeza, cuidados com os não-produtivos (crianças, enfermos, idosos). Este movimento coincide com o retorno dos homens das Cruzadas, com o início do Renascimento, com a valorização do trabalho enquanto status social e com o início da inquisição, movimento iniciado no século XIV e dirigido pela Igreja.

O Iluminismo, a partir do século XVIII, dá início a um movimento de valorização da intelectualidade feminina. Duas educadoras, Mary Montagu e a Marquesa de Condorcet, destacam-se neste período, com textos e idéias pró-defesa do direito da mulher à educação.

Em 1785, em Middelburgo (Países Baixos), é fundada a primeira Sociedade Científica para Mulheres. As universidades permitem o ingresso de mulheres em alguns cursos, vetando os de maior status, como medicina e direito.

A revolução industrial e o desenvolvimento do capitalismo trazem uma nova realidade às mulheres. Ao desenhar novas possibilidades e relações de trabalho, traz também uma nova forma de opressão e exploração. O contrato de compra de mão-de-obra era feito com os homens chefes de família, e dizia respeito ao cumprimento de metas. Era usual que homens levassem os filhos, mesmo crianças, e mulheres para garantir o cumprimento das tarefas. E era o homem quem recebia o pagamento, tornando invisível a participação de menores e mulheres neste mercado de trabalho.

Neste período situaríamos, em 8 de março de 1857 o suposto massacre das 129 mulheres (ou ainda 300 mulheres) numa fábrica de tecidos, na Filadélfia. Na verdade, não existem registros deste episódio, nesta data. O que existe são registros de outros episódios. O primeiro foi uma longa greve de costureiras, em Nova Iorque, de novembro de 1909 a fevereiro de 1910, O segundo, um incêndio em uma fábrica têxtil, também em Nova Iorque, em 25 de março de 1911, onde morreram 129 trabalhadores, em sua maioria mulheres. O terceiro, ocorrido na Rússia pré-revolucionária em 23 de fevereiro pelo calendário russo (no calendário ocidental, corresponde a 8 de março). Nesta data explodiu a greve das tecelãs e costureiras de Petrogrado. Segundo Reneé Côte, escritora canadense que pesquisou por mais de 10 anos a data 8 de março, Foi a confusão entre estas três datas e fatos que levou a proposição desta data como o dia internacional da mulher, proposto pela primeira vez em 1921 Moscou, URSS, na I Conferência das Mulheres Comunistas. que estudaram nas universidades da época.

Com o surgimento dos primeiros partidos populares as mulheres encontram espaço para iniciar movimentos reivindicatórios, como o direito ao voto. Esta ligação fez com que o surgimento dos primeiros movimentos feministas estivesse vinculado aos partidos políticos. Conseqüência direta destes movimentos e da participação de mulheres na revolução francesa: casamento civil e divórcio, contrariando frontalmente o clero e a opressão ocidental-cristã da igreja católica. Surge "Em Defesa dos Direitos da Mulher", de Mary Wollstonecraft, com a defesa da idéia de que a opressão e a discriminação da mulher são causadas por homens e mulheres que reproduzem os preconceitos adquiridos na educação. Mary defendia ainda que, como as mulheres tinham "direito" à guilhotina, deveriam ter também o direito ao voto. Recebeu o direito à guilhotina.

A primeira convenção dos direitos da mulher data de 1848, em Sêneca Falls, Nova Iorque. O aumento do número de mulheres no mercado de trabalho trouxe também o aumento da exploração: as diferenças salariais eram justificadas pelo fato de que as mulheres "tinham quem as sustentasse", os melhores postos eram destinados aos homens, as mulheres eram as primeiras demitidas. Inicia-se aí o entendimento de que a luta das mulheres está inserida num contexto de classes, fortalecendo a visão socialista da opressão da mulher como parte da luta pelo fim da exploração e da opressão.

A primeira guerra mundial encontra as primeiras lutadoras da causa feminista ainda envolvidas com questões como o direito ao voto, ao estudo e ao ingresso no mercado formal de trabalho. O chamamento das mulheres para ocupar cargos vagos no mercado de trabalho, apesar de ainda tímido, produz uma nova consciência, e durante a década de 30 praticamente em todos os países ocidentais voto, estudo e trabalho são consolidados como direitos femininos.

Notadamente nos países envolvidos no conflito, o início da segunda guerra mundial coincide com um período de intenso chamamento das mulheres ao mercado de trabalho, para suprir as vagas dos homens que estavam no front. A oferta de equipamentos que permitissem à mulher acumular tarefas domésticas, cuidado com os filhos e trabalho intensificou-se. Assim popularizam-se creches, eletrodomésticos, lavanderias. A mulher qualifica-se para garantir a produção. Data desta fase as campanhas pela substituição do aleitamento materno por leite animal.

É interessante estabelecer uma relação entre conjuntura, moda e cinema desta época. Longos colares, echarpes, saias rodadas são trocadas por figurinos de inspiração masculina. Os saltos descem, as saias ajustam-se, casacos ganham ombreiras. É a masculinização da figura feminina, condizente com a ocupação dos espaços "masculinos". No cinema, as heroínas são fortes, decididas, estereotipando força e poder decisivos como qualidades ou prerrogativas dos homens. No fim da guerra, a volta dos homens ao mercado de trabalho exigia o retorno das mulheres ao "lar". Amplas campanhas de valorização da "feminilidade", a volta da definição incisiva de papéis e divisão de tarefas por sexo. A maternidade volta a ser estimulada, e a disputa pela hegemonia mundial entre o bloco capitalista e o bloco soviético tentava transformar quaisquer reivindicações das mulheres em suspeitas de "comunismo". É desta época o livro "Meu filho, Meu tesouro", do Dr. Spock, médico americano que condicionava
a saúde física e emocional dos filhos à permanência ao lado da mãe, no mínimo até os sete anos de idade. A moda volta a ser glamour, o cinema explora a imagem da mulher ingênua e sensual, mas nada inteligente. Se durante a guerra a mulher devia ser razão, agora seria puramente instinto. Sexual e maternal, bem entendido. Marilyn Monroe representa bem esta época, com sua beleza, sensualidade e triste final.

Já na década de 60, o movimento, influenciado por publicações como O Segundo Sexo de 1949, (Simone de Beauvoir) passa a defender que a hierarquia entre os sexos não é uma fatalidade biológica e sim uma construção social. Para além da luta pela igualdade de direitos, incorpora o questionamento das raízes culturais das desigualdades.

Numa década de efervescência política e cultural, a luta das mulheres contribuiu, e muito, para a quebra de padrões que tornou possível a mudança de comportamentos e a transformação de valores.

O surgimento dos anticoncepcionais deu outro impulso à emancipação da mulher. A partir do controle da contracepção, ela começa a exercer sua sexualidade independente do casamento, algo impensável para os padrões até então vigentes.

Para Karl Marx "a ideologia da classe dominada é a ideologia da classe dominante, imposta através de seus meios de produção de ideologia". E os partidos, formados por pessoas criadas e educadas numa sociedade patriarcal, não teriam como desenvolver uma teoria feminista emancipacionista, a não ser pela contribuição das mulheres. Neste período surge o feminismo sexista radical, originado pelas disputas internas nos partidos de esquerda.

A contribuição destas primeiras feministas, com toda a radicalidade que se fez necessária para chocar e promover o debate sobre a opressão da mulher pode bem ser sintetizada pela queima de sutiãs em praças, na chamada "nosso corpo nos pertence", na luta pela legalização do aborto.

Obviamente a mídia não deixou barato: até hoje, a feminista é retratada como a caricatura de uma mulher masculinizada, desleixada, insensível fria. Reação previsível de uma sociedade onde o padrão dominante é masculino, branco e rico.

Outra batalha travada pelo movimento de mulheres desde então é localizada na publicidade, onde o abuso da exposição do corpo feminina para a venda de produtos, ou a associação da mulher a conceitos como docilidade, subserviência, ignorância têm sido combatidos, e em alguns raros casos, normatizado.

Hoje a luta das mulheres é diversa, dependendo da cultura da conjuntura e das condições sócio-políticas de cada país ou região. No ocidente, passa pelo debate sobre igualdade de condições de oportunidades, trabalho e salário, pelo fim da violência doméstica. Em lugares onde ainda não existem leis a respeito, pelo direito ao aborto e por políticas de cotas em instâncias diretivas. No oriente médio, apesar da diferença de tratamentos a que são submetidas, a principal reivindicação das mulheres é a paz, já que os conflitos armados são a maior fonte de opressão.
No continente africano dominado pela miséria, pela AIDS, a luta contra a violência sexual, o estupro e a fome.

Quanto ao lilás ser a cor do feminismo, diz-se por ser ele a combinação do azul com o rosa. O roxo foi historicamente a cor da nobreza, e já havia sido usado por feministas da Inglaterra. E havia também a questão de classe: feministas burguesas não usariam o vermelho, cor das bandeiras socialistas.

Por fim, para entendermos o papel da mulher em uma sociedade, temos que conhecer a organização social, política e cultural desta sociedade. No mundo atual, dominado pelo capitalismo, as relações de gênero sofrem, além da opressão própria, a opressão de classe social. Assim, a mulher rica sofre opressão por ser mulher, mas enquanto classe oprime a outros homens e mulheres. Por isto diz a feminista histórica Jussara Cony: "Não basta ser mulher, tem que ter lado. Porque o inimigo não é o homem; é o capital. Com o homem, nos cabe a luta conjunta por um mundo melhor, igualitário, justo, sem exploração. E sem machismos."


http://portalctb.org.br/site Fornecido por Joomla! Produzido em: 7 January, 2010, 10:53

sábado, 24 de julho de 2010

Sobre mim e sobre o blog

Bom,
Primeiramente gostaria d escrever um pouco sobre mim e minha história, para q vcs possam entender o pq deste blog e principalmente o pq do título...

Quem sou?
Difícil definir...
Mas sou Marília
Filha do S. Zé e da D. Socorro
Irmã mais nova do Márcio e mais velha da Mariane, ah, e agora tbm sou tia da Giselly...
Nasci e cresci numa cidade do interior do Amapá, chamada Laranjal do Jari... ond fiz grandes amigos e vivi grandes momentos, minha história começou lá, mas mudou totalmente d rumo quando, aos 18 anos, mudei pra capital do estado, Macapá, em busca da realização d um sonho: Minha Formação Profissional...
Sonho este q realizei à mto custo, suor e lágrimas... Com a ajuda dos familiares, amigos e até mesmo desconhecidos....
Me machuquei em algumas pedras, mas o importante é q tive forças para afastá-las do meu caminho... Caminho q com mta força d vontade segui...
Hj já estou colhendo os frutos: CONSEGUI
Graças à minha PERSEVERANÇA, ESPERANÇA, CORANGEM e FÉ. Claro q com a ajuda de Deus tbm... Venci a batalha...
Hj sou Graduada em Licenciatura e Bacharelado em História, especialista em História da Amazônia, Professora de História da Rede Pública Estadual de Ensino...
Tds os dias escrevo uma nova página da minha História, assim como tdas as pessoas deste mundo... vivo e faço minha história, soh com um diferencial, sou historiadora d formação...

O q espero com este blog? Divulgar minhas histórias, minhas idéias e ajudar as pessoas à seguirem com suas histórias e idéias tbm...
Por tudo q já passei, e q ainda vou passar... gosto d tdo um pouco, por isso, não esperem uma linha pragmática por aki, mas esperem, sim, rir, se emocionar, polemizar, discutir, se identificar, se divertir...

Sejam mto bem vindos e façam e vivam suas histórias da melhor maneira possível!

Marília Nascimento